quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ótica do Pai

E fez-se mar. Ou melhor, fiz-me rio. Fiz-me rio para nunca morrer, porque rio não morre. Quando ele deságua no mar, ele continua sendo rio. Mar, rio, água, transparência, calmaria e loucura. Fiz-me rio para fugir de mim mesmo. Das minhas angústias, pequenezes e monstros. Para desmilinguir-me entre as suas claras águas. Para esquecer do passado.
E porque tão próximo de casa? Porque rio também ama e sente saudades. Quero, quando sou rio, molhar devagar os pés daqueles que amo e tive de deixar. Quero cochichar algo em seus ouvidos, dizer que estou bem, que estou onde eu sempre quis estar.
O amor que tenho pelo rio é tão imenso que não me contentava somente em tê-lo, queria sê-lo. Nunca tive a curiosidade de saber o que tinha na outra margem, o que de verdade sempre quis, foi ser margem. A terceira margem do rio e ali viver para nunca mais morrer.

Thainá Oliveira.

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